quinta-feira, 15 de maio de 2008

Àqueles que ainda sabem sorrir...


"Do que provém esta desoladora decadência do riso? Haveria um estudo a compor sobre a 'Psicologia da Macambuzice Contemporânea'.
Eu penso que o riso acabou - porque a humanidade entristeceu. E entristeceu - por causa da sua imensa civilização. Ninguém ri - e ninguém quer rir. Temos todos o indefinido sentimento de que o riso estridente e claro destoa na atmosfera moral do nosso tempo."

("A decadência do riso" - Eça de Queirós)

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Os Girassóis

Assim fremente e nua,
a luz só pode ser dos girassóis.
Estou tão orgulhoso
por esta flor difícil ter entrado pela casa.
É talvez o último verão, tão feito de abandono é meu desejo.
Mas estou orgulhoso dos girassóis.
Como se fora seu irmão.

(Eugénio de Andrade)

terça-feira, 6 de maio de 2008

E não é...?

"Porque na muita sabedoria há muito enfado; e quem aumenta ciência aumenta a tristeza"

Eclesiastes 1:18

domingo, 4 de maio de 2008

Para minha irmãzinha...


"Ando muito completo de vazios.
Meu órgão de morrer me predomina.
Estou sem eternidades.
Não posso mais saber quando amanheço ontem.
Está rengo de mim o amanhecer.
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.
Atrás do acaso fervem os insetos.
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu destino.
Essas coisas me mudam para cisco.
A minha independência tem algemas."

(Manuel de Barros, O livro das ignorãças)
"As coisas que não existem são mais bonitas."
(Felisdônio)


"Conheço de palma os dementes de rio.
Fui amigo do Bugre Felisdônio, de Ignácio Rayzama
e de Rogaciano.
Todos catavam pregos na beira do rio para enfiar no
horizonte.
Um dia encontrei Felisdônio comendo papel nas
ruas de Corumbá.
Me disse que as coisas que não existem são mais
bonitas."

(Manuel de Barros, O livro das ignorãças)

quinta-feira, 1 de maio de 2008