segunda-feira, 30 de março de 2009

"... poesia para mim, não é algo que apenas se escreva. Mas que se vive. Parece uma 'grande' declaração, mas a verdade é que, se não fosse escritor, creio que manteria uma relação poética com o mundo como condição para ser feliz (...) cresci num ambiente em que se valorizavam as pequenas coisas, a descoberta de beleza à moda Manoel de Barros: brilho entre cinzas e lixos. Lembro-me de meu pai me conduzir entre as velhas linhas do trem para descobrir pequenas pedrinhas brilhantes, tombadas dos vagões de minério. (...) Essa foi a minha primeira lição de poesia. Ainda hoje vivo assim, com olhos na terra ciscando por faíscas de beleza."

(Entrevista - Mia Couto)

sexta-feira, 27 de março de 2009

Coração descompassado
bate bate apressado.

De-sa-ce-le-ra e fica lento
passa passa como o vento.

domingo, 1 de março de 2009

"Sabem o que
descobri? Que minha alma é feita de água. Não posso me debruçar tanto. Senão me
entorno e ainda morro vazia, sem gota."



(Do conto "A despedideira", do
livro O fio das missangas, de Mia Couto)