quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Não faz mal.

Voar é uma dádiva da poesia.
Um verso arde na brancura aérea do papel,
toma balanço,
não resiste.

Solta-se-lhe
o animal alado.
Voa sobre as casas,
sobre as ruas,
sore os homens que passam,
procura um pássaro
para acasalar.

Sílaba a sílaba
o verso voa.

E se procurarmos? Que não se desespere, pois nunca o iremos encontrar. Algum sentimento o terá deixado pousar, partido com ele. Estará o verso connosco? Provavelmente apenas a parte que nos coube. Aquietemo-nos. Amainemos esse desejo de o prendermos.

Não é justo um pássaro
onde ele não pode voar.

(Eduardo White, em "Poemas da Ciência de Voar e da Engenharia de Ser Ave")

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